Aos discípulos
Multidões
Em silêncio
Vê como vives
Marcas
“Desde agora ninguém me moleste, porque trago no
meu corpo as marcas do Senhor Jesus.” Paulo (Gálatas, 6:17)
Todas as realizações humanas possuem marca própria. Casas, livros, artigos, medicamentos, tudo exibe um sinal de identificação aos olhos atentos. Se
medida semelhante é aproveitada na lei de uso dos objetos transitórios, não se
poderia subtrair o mesmo princípio, na catalogação de tudo o que se refira à vida
eterna. Jesus possui, igualmente, os sinais d’Ele. A imagem utilizada por Paulo de
Tarso, em suas exortações aos gálatas, pode ser mais extensa. As marcas do Cristo
não são apenas as da cruz, mas também as de sua atividade na experiência comum.
Em cada situação, o homem pode revelar uma demonstração do Divino
Mestre. Jesus forneceu padrões educativos em todas as particularidades da sua
passagem pelo mundo. O Evangelho no-lo apresenta nos mais diversos quadros,
junto ao trabalho, à simplicidade, ao pecado, à pobreza, à alegria, à dor, a
glorificação e ao martírio. Sua atitude, em cada posição da vida, assinalou um traço
novo de conduta para os aprendizes. Todos os dias, portanto, o discípulo pode
encontrar recursos de salientar suas ações mais comuns com os registros de Jesus. Quando termine cada dia, passa em revista as pequeninas experiências que
partilhaste na estrada vulgar. Observa os sinais com que assinalaste os teus atos,
recordando que a marca do Cristo é, fundamentalmente, aquela do sacrifício de si
mesmo para o bem de todos.
Do livro Vinha de Luz – Emmanuel e Chico Xavier
Com amor
“E, sobre tudo isto, revesti-vos de caridade, que é o
vínculo da perfeição.” Paulo (Colossenses, 3:14)
Todo discípulo do Evangelho precisará coragem para atacar os serviços da
redenção de si mesmo.
Nenhum dispensará as armaduras da fé, a fim de marchar com desassombro sob tempestades.
O caminho de resgate e elevação permanece cheio de espinhos.
O trabalho constituir-se-á de lutas, de sofrimentos, de sacrifícios, de suor, de testemunhos.
Toda a preparação é necessária, no capítulo da resistência; entretanto, sobre
tudo isto é indispensável revestir-se nossa alma de caridade, que é amor sublime.
A nobreza de caráter, a confiança, a benevolência, a fé, a ciência, a
penetração, os dons e as possibilidades são fios preciosos, mas o amor é o tear
divino que os entrelaçará, tecendo a túnica da perfeição espiritual.
A disciplina e a educação, a escola e a cultura, o esforço e a obra, são flores
e frutos na árvore da vida, todavia, o amor é a raiz eterna.
Mas, como amaremos no serviço diário?
Renovemo-nos no espírito do Senhor e compreendamos os nossos
semelhantes. Auxiliemos em silêncio, entendendo a situação de cada um, temperando a
bondade com a energia, e a fraternidade com a justiça.
Ouçamos a sugestão do amor, a cada passo, na senda evolutiva.
Quem ama, compreende; e quem compreende, trabalha pelo mundo melhor
Do livro Vinha de Luz – Emmanuel e Chico Xavier
O Necessário
“Mas uma só coisa é necessária.” – Jesus. (Lucas, 10:42.)
Terás muitos negócios próximos ou remotos, mas não poderás subtrair-lhes o caráter de lição, porque a morte te descerrará realidades com as quais nem sonhas de leve…
Administrarás interesses vários, entretanto, não poderás controlar todos os ângulos do serviço, de vez que a maldade e a indiferença se insinuam em todas as tarefas, prejudicando o raio de ação de todos os missionários da elevação.
Amealharás enorme fortuna, todavia, ignorarás, por muitos anos, a que região da vida te conduzirá o dinheiro.
Improvisarás pomposos discursos, contudo, desconheces as conseqüências de tuas palavras.
Organizarás grande movimento em derredor de teus passos, no entanto, se não construíres algo dentro deles para o bem legítimo, cansar-te-ás em vão.
Experimentarás muitas dores, mas, se não permaneceres vigilante no aproveitamento da luta, teus dissabores correrão inúteis.
Exaltarás o direito com o verbo indignado e ardoroso, todavia, é provável não estejas senão estimulando a indisciplina e a ociosidade de muitos.
“Uma só coisa é necessária”, asseverou o Mestre, em sua lição a Marta, cooperadora dedicada e ativa.
Jesus desejava dizer que, acima de tudo, compete-nos guardar, dentro de nós mesmos, uma atitude adequada, ante os desígnios do Todo-Poderoso, avançando, segundo o roteiro que nos traçou a Divina Lei. Realizado esse “necessário”, cada acontecimento, cada pessoa e cada coisa se ajustarão, a nossos olhos, no lugar que lhes é próprio. Sem essa posição espiritual de sintonia com o Celeste Instrutor, é muito difícil agir alguém com proveito.
Inverno
Quem lê, atenda
“Quem lê, atenda.” Jesus. (Mateus, 24:15.)
Assim como as criaturas, em geral, converteram as produções sagradas da
Terra em objeto de perversão dos sentidos, movimento análogo se verifica no
mundo, com referência aos frutos do pensamento. Frequentemente as mais santas leituras são tomadas à conta de tempero
emotivo, destinado às sensações renovadas que condigam com o recreio pernicioso
ou com a indiferença pelas obrigações mais justas. Raríssimos são os leitores que buscam a realidade da vida. O próprio Evangelho tem sido para os imprevidentes e levianos vasto
campo de observações pouco dignas. Quantos olhos passam por ele, apressados e inquietos, anotando
deficiências da letra ou catalogando possíveis equívocos, a fim de espalharem
sensacionalismo e perturbação? Alinham, com avidez, as contradições aparentes e
tocam a malbaratar, com enorme desprezo pelo trabalho alheio, as plantas tenras e
dadivosas da fé renovadora. A recomendação de Jesus, no entanto, é infinitamente expressiva. É razoável que a leitura do homem ignorante e animalizado represente
conjunto de ignominiosas brincadeiras, mas o espírito de religiosidade precisa
penetrar a leitura séria, com real atitude de elevação. O problema do discípulo do Evangelho não é o de ler para alcançar
novidades emotivas ou conhecer a Escritura para transformá-la em arena de esgrima
intelectual, mas, o de ler para atender a Deus, cumprindo lhe a Divina Vontade.
Do livro Vinha de Luz – Emmanuel e Chico Xavier