A luz segue sempre

“E as suas palavras lhes pareciam como desvario, e não as creram.” – (Lucas, 24:11).
A perplexidade surgida no dia da Ressurreição do Senhor ainda é a mesma nos tempos que passam, sempre que a natureza divina e invisível ao olhar comum dos homens manifesta suas gloriosas mensagens.
As mulheres devotadas, que se foram em romaria de amor ao túmulo do Mestre, sempre encontraram sucessores. Todavia, são muito raros os Pedros que se dispõem a levantar para a averiguação da verdade.
Em todos os tempos, os transmissores de notícias de além-túmulo peregrinaram na Terra, quanto hoje.
As escolas religiosas deturpadas, porém, somente em raras ocasiões aceitaram o valioso concurso que se lhes oferecia.
Nas épocas passadas, todos os instrumentos da revelação espiritual, com raras exceções, foram categorizados como bruxos, queimados na praça pública, e, ainda hoje, são tidos por dementes, visionários e feiticeiros. É que a maioria dos companheiros de jornada humana vivem agarrados aos inferiores interesses de alguns momentos e as palavras da verdade imortalista sempre lhes pareceram consumado desvario. Entregues ao efêmero, não crêem na expansão da vida, dentro do infinito e da eternidade, mas a luz da Ressurreição prossegue sempre, inspirando seus missionários ainda incompreendidos.
Do livro Vinha de Luz – Emmanuel e Chico Xavier

Aos discípulos

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“Mas nós pregamos a Cristo crucificado, que é escândalo para os judeus e loucura para os gregos.” – Paulo (I Coríntios, 1:23).
A vida moderna, com suas realidades brilhantes, vai ensinando às comunidades religiosas do Cristianismo que pregar é revelar a grandeza dos princípios de Jesus nas próprias ações diárias.
O homem que se internou pelo território estranho dos discursos, sem atos correspondentes à elevação da palavra, expõe-se, cada vez mais, ao ridículo e à negação.
Há muitos séculos prevalece o movimento de filosofias utilitaristas. E, ainda agora, não escasseiam orientadores que cogitam da construção de palácios egoísticos à base do magnetismo pessoal e psicólogos que ensinam publicamente a sutil exploração das massas.
É nesse quadro obscuro do desenvolvimento intelectual da Terra que os aprendizes do Cristo são expoentes da filosofia edificante da renúncia e da bondade, revelando em suas obras isoladas a experiência divina d’Aquele que preferiu a crucificação ao pacto com o mal.
Novos discípulos, por isso, vão surgindo, além do sacerdócio organizado. Irmãos dos sofredores, dos simples, dos necessitados, os espiritistas cristãos encontram obstáculos terríveis na cultura intoxicada do século e no espírito utilitário das idéias comodistas.
Há quase dois mil anos, Paulo de Tarso aludia ao escândalo que a atitude dos aprendizes espalhava entre os judeus e à falsa impressão de loucura que despertava nos ânimos dos gregos.
Os tempos de agora são aqueles mesmos que Jesus declarava chegados ao Planeta; e os judeus e gregos, atualizados hoje nos negocistas desonestos e nos intelectuais vaidosos, prosseguem na mesma posição do inicio. Entre eles, surge o continuador do Mestre, transmitindo-lhe o ensinamento com o verbo santificado pelas ações testemunhais.
Aparecem dificuldades, sarcasmos e conflitos.
O aprendiz fiel, porém, não se atemoriza.
O comercialismo da avareza permanecerá com o escândalo e a instrução envenenada demorar-se-á com os desequilíbrios que lhe são inerentes. Ele, contudo, seguirá adiante, amando, exemplificando e educando com o Libertador imortal.
Do livro Vinha de Luz – Emmanuel e Chico Xavier

Multidões

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“Tenho compaixão da multidão.” – Jesus (Marcos, 8:2).
Os espíritos verdadeiramente educados representam, em todos os tempos, grandes devedores à multidão.
Raros homens, no entanto, compreendem esse imperativo das leis espirituais.
Em geral, o mordomo das possibilidades terrestres, meramente instruído na cultura do mundo, esquiva-se da massa comum, ao invés de ajudá-la. Explora-lhe as paixões, mantém-lhe a ignorância e costuma roubar-lhe o ensejo de progresso. Traça leis para que ela pague os impostos mais pesados, cria guerras de extermínio, em que deva concorrer com os mais elevados tributos de sangue. O sacerdócio organizado, quase sempre, impõe-lhe sombras, enquanto a filosofia e a ciência lhe oferecem sorrisos escarnecedores.
Em todos os tempos e situações políticas, conta o povo com escassos amigos e adversários em legiões.
Acima de todas as Possibilidades humanas, entretanto, a multidão dispõe do Amigo Divino.
Jesus prossegue trabalhando.
Ele, que passou no Planeta entre pescadores e proletários, aleijados e cegos, velhos cansados e mães aflitas, volta-se para a turba sofredora e alimenta-lhe a esperança, como naquele momento da multiplicação dos pães.
Lembra-te, meu amigo, de que és parte integrante da multidão terrestre.
O Senhor observa o que fazes.
Não roubes o pão da vida; procura multiplicá-lo.
Do livro Vinha de Luz – Emmanuel e Chico Xavier

 

Em silêncio

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“Não servindo à vista, como para agradar aos homens, mas como servos do Cristo, fazendo de coração a vontade de Deus.” – Paulo (Efésios, 6:6).
Se sabes, atende ao que ignora, sem ofuscá-lo com a tua luz.
Se tens, ajuda ao necessitado, sem molestá-lo com tua posse.
Se amas, não firas o objeto amado com exigências.
Se pretendes curar, não humilhes o doente.
Se queres melhorar os outros, não maldigues ninguém.
Se ensinas a caridade, não te trajes de espinhos, para que teu contacto não dilacere os que sofrem.
Tem cuidado na tarefa que o Senhor te confiou.
É muito fácil servir à vista. Todos querem fazê-lo, procurando o apreço dos homens.
Difícil, porém, é servir às ocultas, sem o ilusório manto da vaidade.
É por isto que, em todos os tempos, quase todo o trabalho das criaturas é dispersivo e enganoso. Em geral, cuida-se de obter a qualquer preço as gratificações e as honras humanas.
Tu, porém, meu amigo, aprende que o servidor sincero do Cristo fala pouco e constrói, cada vez mais, com o Senhor, no divino silêncio do espírito…
Vai e serve.
Não te dêem cuidado as fantasias que confundem os olhos da carne e nem te consagres aos ruídos da boca.
Faze o bem, em silêncio.
Foge às referências pessoais e aprendamos a cumprir, de coração, a vontade de Deus.
Do livro Vinha de Luz – Emmanuel e Chico Xavier

Vê como vives

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“E chamando dez servos seus, deu-lhes dez minas e disse-lhes: negociai até que eu venha.” – Jesus (Lucas, 19:13).
Com a precisa madureza do raciocínio, compreenderá o homem que toda a sua existência é um grande conjunto de negócios espirituais e que a vida, em si, não passa de ato religioso permanente, com vistas aos deveres divinos que nos prendem a Deus.
Por enquanto, o mundo apenas exige testemunhos de fé das pessoas indicadas por detentoras de mandato essencialmente religioso.
Os católicos romanos rodeiam de exigências os sacerdotes, desvirtuando-lhes o apostolado. Os protestantes, na maioria, atribuem aos ministros evangélicos as obrigações mais completas do culto. Os espiritistas reclamam de doutrinadores e médiuns as supremas demonstrações de caridade e pureza, como se a luz e a verdade da Nova Revelação pudessem constituir exclusivo patrimônio de alguns cérebros falíveis.
Urge considerar, porém, que o testemunho cristão, no campo transitório da luta humana, é dever de todos os homens, indistintamente.
Cada criatura foi chamada pela Providência a determinado setor de trabalhos espirituais na Terra.
O comerciante está em negócios de suprimento e de fraternidade.
O administrador permanece em negócios de orientação, distribuição e
responsabilidade.
O servidor foi trazido a negócios de obediência e edificação.
As mães e os pais terrestres foram convocados a negócios de renúncia, exemplificação e devotamento.
O carpinteiro está fabricando colunas para o templo vivo do lar.
O cientista vive fornecendo equações de progresso que melhorem o bem-estar do mundo.
O cozinheiro trabalha para alimentar o operário e o sábio.
Todos os homens vivem na Obra de Deus, valendo-se dela para alcançarem, um dia, a grandeza divina. Usufrutuários de patrimônios que pertencem ao Pai, encontram-se no campo das oportunidades presentes, negociando com os valores do Senhor.
Em razão desta verdade, meu amigo, vê o que fazes e não te esqueças de subordinar teus desejos a Deus, nos negócios que por algum tempo te forem confiados no mundo.
Vinha de Luz – Emmanuel/Francisco Cândido Xavier

Marcas

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“Desde agora ninguém me moleste, porque trago no
meu corpo as marcas do Senhor Jesus.” Paulo (Gálatas, 6:17)

Todas as realizações humanas possuem marca própria. Casas, livros, artigos, medicamentos, tudo exibe um sinal de identificação aos olhos atentos. Se
medida semelhante é aproveitada na lei de uso dos objetos transitórios, não se
poderia subtrair o mesmo princípio, na catalogação de tudo o que se refira à vida
eterna. Jesus possui, igualmente, os sinais d’Ele. A imagem utilizada por Paulo de
Tarso, em suas exortações aos gálatas, pode ser mais extensa. As marcas do Cristo
não são apenas as da cruz, mas também as de sua atividade na experiência comum.

Em cada situação, o homem pode revelar uma demonstração do Divino
Mestre. Jesus forneceu padrões educativos em todas as particularidades da sua
passagem pelo mundo. O Evangelho no-­lo apresenta nos mais diversos quadros,
junto ao trabalho, à simplicidade, ao pecado, à pobreza, à alegria, à dor, a
glorificação e ao martírio. Sua atitude, em cada posição da vida, assinalou um traço
novo de conduta para os aprendizes. Todos os dias, portanto, o discípulo pode
encontrar recursos de salientar suas ações mais comuns com os registros de Jesus. Quando termine cada dia, passa em revista as pequeninas experiências que
partilhaste na estrada vulgar. Observa os sinais com que assinalaste os teus atos,
recordando que a marca do Cristo é, fundamentalmente, aquela do sacrifício de si
mesmo para o bem de todos.

Do livro Vinha de Luz – Emmanuel e Chico Xavier

Com amor

 

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“E, sobre tudo isto, revesti-vos de caridade, que é o
vínculo da perfeição.” Paulo (Colossenses, 3:14)

Todo discípulo do Evangelho precisará coragem para atacar os serviços da
redenção de si mesmo.

Nenhum dispensará as armaduras da fé, a fim de marchar com desassombro sob tempestades.

O caminho de resgate e elevação permanece cheio de espinhos.

O trabalho constituir-­se­-á de lutas, de sofrimentos, de sacrifícios, de suor, de testemunhos.

Toda a preparação é necessária, no capítulo da resistência; entretanto, sobre
tudo isto é indispensável revestir-se nossa alma de caridade, que é amor sublime.

A nobreza de caráter, a confiança, a benevolência, a fé, a ciência, a
penetração, os dons e as possibilidades são fios preciosos, mas o amor é o tear
divino que os entrelaçará, tecendo a túnica da perfeição espiritual.

A disciplina e a educação, a escola e a cultura, o esforço e a obra, são flores
e frutos na árvore da vida, todavia, o amor é a raiz eterna.

Mas, como amaremos no serviço diário?
Renovemo-nos no espírito do Senhor e compreendamos os nossos
semelhantes. Auxiliemos em silêncio, entendendo a situação de cada um, temperando a
bondade com a energia, e a fraternidade com a justiça.

Ouçamos a sugestão do amor, a cada passo, na senda evolutiva.

Quem ama, compreende; e quem compreende, trabalha pelo mundo melhor

 

Do livro Vinha de Luz – Emmanuel e Chico Xavier

O Necessário

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“Mas uma só coisa é necessária.” – Jesus. (Lucas, 10:42.)

Terás muitos negócios próximos ou remotos, mas não poderás subtrair-lhes o caráter de lição, porque a morte te descerrará realidades com as quais nem sonhas de leve…

Administrarás interesses vários, entretanto, não poderás controlar todos os ângulos do serviço, de vez que a maldade e a indiferença se insinuam em todas as tarefas, prejudicando o raio de ação de todos os missionários da elevação.

Amealharás enorme fortuna, todavia, ignorarás, por muitos anos, a que região da vida te conduzirá o dinheiro.

Improvisarás pomposos discursos, contudo, desconheces as conseqüências de tuas palavras.

Organizarás grande movimento em derredor de teus passos, no entanto, se não construíres algo dentro deles para o bem legítimo, cansar-te-ás em vão.

Experimentarás muitas dores, mas, se não permaneceres vigilante no aproveitamento da luta, teus dissabores correrão inúteis.

Exaltarás o direito com o verbo indignado e ardoroso, todavia, é provável não estejas senão estimulando a indisciplina e a ociosidade de muitos.

“Uma só coisa é necessária”, asseverou o Mestre, em sua lição a Marta, cooperadora dedicada e ativa.

Jesus desejava dizer que, acima de tudo, compete-nos guardar, dentro de nós mesmos, uma atitude adequada, ante os desígnios do Todo-Poderoso, avançando, segundo o roteiro que nos traçou a Divina Lei. Realizado esse “necessário”, cada acontecimento, cada pessoa e cada coisa se ajustarão, a nossos olhos, no lugar que lhes é próprio. Sem essa posição espiritual de sintonia com o Celeste Instrutor, é muito difícil agir alguém com proveito.

 

Inverno

Em muitos lugares do planeta, os invernos são rigorosos, com grande precipitação de neve. Foto: Volkova Irina / Shutterstock.com
“Procura vir antes do inverno.” – Paulo (II Timóteo, 4:21).
Claro que a análise comum deste versículo revelará a prudente recomendação de Paulo de Tarso para que Timóteo não se arriscasse a viajar na estação do frio forte.
Na época recuada da epístola, o inverno não oferecia facilidades à navegação.
É possível, porém, avançar mais longe, além da letra e acima do problema circunstancial de lugar e tempo.
Mobilizemos nossa interpretação espiritual.
Quantas almas apenas se recordam da necessidade do encontro com os emissários do Divino Mestre por ocasião do inverno rigoroso do sofrimento? quantas se lembram do Salvador somente em hora de neblina espessa, de tempestade ameaçadora, de gelo pesado e compacto sobre o coração?
Em momentos assim, o barco da esperança costuma navegar sem rumo, ao sabor das ondas revoltas.
Os nevoeiros ocultam a meta, e tudo, em torno do viajante da vida, tende à desordem ou à desorientação.
É indispensável procurar o Amigo Celeste ou aqueles que já se ligaram, definitivamente, ao seu amor, antes dos períodos angustiosos, para que nos instalemos em refúgios de paz e segurança.
A disciplina, em tempo de fartura e liberdade, é distinção nas criaturas que a seguem; mas a contenção que nos é imposta, na escassez ou na dificuldade, converte-se em martírio.
O aprendiz leal do Cristo não deve marchar no mundo ao sabor de caprichos satisfeitos e, sim, na pauta da temperança e da compreensão.
O inverno é imprescindível e útil, como período de prova benéfica e renovação necessária. Procura, todavia, o encontro de tua experiência com Jesus, antes dele.
Livro Vinha de Luz

Quem lê, atenda 

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“Quem lê, atenda.”  Jesus. (Mateus, 24:15.)
Assim como as criaturas, em geral, converteram as produções sagradas da
Terra em objeto de perversão dos sentidos, movimento  análogo se verifica no
mundo, com referência aos frutos do pensamento. Frequentemente as mais santas leituras são tomadas à conta de tempero
emotivo, destinado às sensações renovadas que condigam com o recreio pernicioso
ou com a indiferença pelas obrigações mais justas. Raríssimos são os leitores que buscam a realidade da vida. O próprio Evangelho tem sido para os imprevidentes e levianos vasto
campo de observações pouco dignas. Quantos olhos passam por ele, apressados e inquietos, anotando
deficiências da letra ou  catalogando possíveis equívocos, a fim de espalharem
sensacionalismo e perturbação? Alinham, com avidez, as contradições aparentes e
tocam a malbaratar, com enorme desprezo pelo trabalho alheio, as plantas tenras e
dadivosas da fé renovadora. A recomendação de Jesus, no entanto, é infinitamente expressiva. É razoável que a leitura do homem ignorante e animalizado represente
conjunto de ignominiosas brincadeiras, mas o espírito de religiosidade precisa
penetrar a leitura séria, com real atitude de elevação. O problema do discípulo do Evangelho não é o de ler  para alcançar
novidades emotivas ou conhecer a Escritura para transformá-la em arena de esgrima
intelectual, mas, o de ler para atender a Deus, cumprindo lhe a Divina Vontade.

Do livro Vinha de Luz – Emmanuel e Chico Xavier