Prescrições de Paz

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“Portanto, não vos inquieteis com o dia de amanhã, pois o amanhã trará os seus cuidados…” – Jesus

 (Mateus, 6:34.)

Na garantia do próprio equilíbrio, alinhemos algumas indicações de paz, destinadas a imunizar-nos contra a influência de aflições e tensões, nas quais, tanta vez, imprevidentemente arruinamos tempo e vida:

corrigir em nós as deficiências suscetíveis de conserto, e aceitar-nos, nas falhas cuja supressão não depende ainda de nós, fazendo de nossa presença o melhor que pudermos, no erguimento da felicidade e do progresso de todos;

tolerar os obstáculos com que somos atingidos, ante os impositivos do aperfeiçoamento moral, e entender que os outros carregam igualmente os deles;

observar ofensas como retratos dos ofensores, sem traçar-nos a obrigação de recolher semelhantes clichês de sombra;

abolir inquietações ao redor de calamidades anunciadas para o futuro, que provavelmente nunca virão a sobrevir;

admitir os pensamentos de culpa que tenhamos adquirido, mas buscando extinguir-lhes os focos de vibrações em desequilíbrio, através de reajustamento e trabalho;

nem desprezar os entes queridos, nem prejudicá-los com a chamada superproteção tendente a escravizá-los ao nosso modo de ser;

não exigir do próximo aquilo que o próximo ainda não consegue fazer;

nada pedir sem dar de nós mesmos;

respeitar os pontos de vista alheios, ainda quando se patenteiam contra nós, convencidos quanto devemos estar de que pontos de vista são maneiras, crenças, opiniões e afirmações peculiares a cada um;

não ignorar as crises do mundo; entretanto, reconhecer que, se reequilibrarmos o nosso próprio mundo por dentro – esculpindo-lhe a tranqüilidade e a segurança em alicerces de compreensão e atividade, discernimento e serviço – perceberemos, de pronto, que as crises externas são fenômenos necessários ao burilamento da vida, para que a vida não se tresmalhe da rota que as Leis do Universo lhe assinalam no rumo da perfeição.

Ceifa de Luz – Francisco Cândido Xavier, Pelo Espírito Emmanuel

Em tí próprio

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“De maneira que cada um de nós dará conta de si mesmo a Deus”- Paulo

(Romanos, 14:12.)

Escutarás muita gente a falar de compreensão e talvez que, sob o reflexo condicionado, repetirás os belos conceitos que ouviste, através de preleções que te angariarão simpatia a respeito.

Entretanto, se não colocares o assunto nas entranhas da alma, situando-te no lugar daqueles que precisam de entendimento, quase nada saberás de compreensão, além da certeza de que temos nela preciosa virtude.

Falarás de paciência e assinalarás muitas vozes, em torno de ti, referindo-se a ela, no entanto, se no imo do próprio ser não tens necessidade de sofrer por algum ente amado, muito pouco perceberás, acerca de calma e tolerância.

Exaltarás o amor, bondade, a paz e a união, mas se nas profundezas do espírito não sentires, algum dia, o sofrimento a ensinar-te o valor da nota de consolação sobre a dor de que te lamentas; a significação da migalha de socorro que outrem te estenda em teus dias de carência material; a importância da desculpa de alguém a essa ou àquela falta que cometeste e o poder do gesto de pacificação da parte de algum amigo que te restituiu a harmonia, em tuas próprias vivências, ignorarás realmente o que sejam entendimento e generosidade, perdão e segurança íntima.

Seja qual seja a dificuldade em que te vejas, abstém-te de carregar o fardo das aflições e das perguntas sem remédio.

Penetra no silêncio da própria alma, escuta os pensamentos que te nascem do próprio ser e reconhecerás que a solução fundamental de todos os problemas da vida surgirá de ti mesmo.

Ceifa de Luz – Francisco Cândido Xavier, Pelo Espírito Emmanuel

A lição da espada

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“Não cuideis que vim trazer a paz à Terra…”- Jesus

(Matheus, 10:34.)

 

“Não vim trazer a paz, mas a espada” – disse-nos o Senhor.

                E muitos aprendizes prevalecem-se da feição literal de Sua palavra, para estender a sombra e a perturbação.

                Valendo-se-lhe do conceito, companheiros inúmeros consagram-se ao azedume no lar, conturbando os próprios familiares, em razão de lhes imporem modos de crer e pontos de vista, vergastando-lhes o entendimento, ao invés de ajudá-los na plantação da fé viva quando não se desmandam em discussões e conflitos, polemizando sem proveito ou acusando indebitamente a todos aqueles que lhes não comunguem a cartilha de violência e de crueldade.

O mundo, até a época do Cristo, legalizara a prepotência do ódio e da ignorância, mantendo-lhe a terrível dominação, através da espada mortífera da guerra e do cativeiro, em sanguinolentas devastações.

A realeza do homem era a tirania revestida de ouro, arruinando e oprimindo onde estendesse as garras destruidoras.

Com Jesus, no entanto, a espada é diferente.

                Voltada para o seio da Terra, representa a cruz em que Ele mesmo prestou o testemunho supremo de sacrifício e da morte pelo bem de todos.

                É por isso que o Seu exemplo não justifica os instintos desenfreados de quantos pretendam ferir ou guerrear em Seu nome.

                A disciplina e a humildade, o amor e a renúncia marcam-lhe as atitudes em todos os passos da senda.

                Flagelado e esquecido, entre o escárnio e a calúnia, o perdão espontâneo flui-lhe, incessante, da alma, para somente retribuir bênção por maldição, luz por treva, bem por mal.

Assim, se recebeste a espada simbólica que o Mestre nos trouxe à vida, lembra-te de que a batalha instituída pela lição do Senhor permanece viva e rija, dentro de nós, a fim de que, ensarilhando sobre o pretérito a espada de nossa antiga insensatez, venhamos a convertê-la na cruz redentora, em que combateremos os inimigos de nossa paz, ocultos em nosso próprio “eu”, em forma de orgulho e intemperança, egoísmo a animalidade, consumindo-os ao preço de nossa própria consagração à felicidade dos outros, única estrada suscetível de conduzir-nos ao império definitivo da Grande Luz.

Ceifa de Luz – Francisco Cândido Xavier, Pelo Espírito Emmanuel

Seres Amados

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 “Aquele que ama a seu irmão permanece na luz e nele não há nenhum tropeço.”

(I João, 2:10.)

Os seres que amamos!… Com que enternecimento desejaríamos situá-los nos mais elevados planos do mundo!… Se possível, obteríamos para cada um deles um nicho de santidade ou um título de herói!…

Entretanto, qual ocorre a nós mesmos, são eles seres humanos, matriculados no educandário da vida. E, nos círculos das experiências em que se debatem, como nos acontece, erram e acertam, avançam na estrada ou se interrompem para pensar, solicitando-nos apoio e compreensão.

Assim como estamos em luta a fim de sermos, um dia, o que devemos ser, aprendamos a amá-los como são, na certeza de que precisam, tanto quanto nós, de auxílio e encorajamento para a necessária ascensão espiritual.

Nunca exigir-lhes o impossível, nem frustrar-lhes a esperança.

Doemos a cada um a bênção da estima sem requisições descabidas, acatando as experiências para a as quais se inclinem e respeitando os tipos de felicidade que elejam para si próprios.

Todos somos viajores do Universo com encontro marcado numa estação de destino – a perfeição na imortalidade. À face disso, e levando em consideração que nos achamos individualmente em marcos diferentes da estrada, se queremos auxiliar aqueles a quem amamos, e abençoá-los com o nosso afeto, cultivemos, à frente deles, a coragem de compreender e a paciência de esperar.

Ceifa de Luz – Francisco Cândido Xavier, Pelo Espírito Emmanuel