No mundo afetivo

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“Amados, se Deus de tal maneira nos amou, devemos amar uns aos outros.” – João.

(I João, 4:11.)

Reprovamos a violência e clamamos contra a violência; no entanto, na vida de relação, muito raramente nos acomodamos sem ela, quando se trate de nossos caprichos.

Muito comum, principalmente quando amamos alguém, exigirmos que esse alguém se nos condicione ao modo de ser.

Se os entes queridos não nos compartilham gostos e opiniões, eis-nos irritadiços ou estomagados, reclamando contra a vida; todavia, a paz da alma requisita compreensão e a compreensão conhece que cada um de nós tem a sua área própria de interesse e de ideais.

A Natureza é um mostruário dos recursos polimórficos com que a Sabedoria Divina plasmou a Criação.

Todas as flores são flores, mas o gerânio não tem as características do cravo e nem a rosa as da violeta. Todos os frutos são frutos, mas a laranja não guarda semelhança a pêra. Além disso, cada flor tem o seu perfume original, tanto quanto cada fruto não amadurece fora da época prevista.

Assim, também, as criaturas.

Cada pessoa respira em faixa diversa de evolução.

Justo nos detenhamos na companhia daqueles que sentem e pensam como nós, usufruindo os valores da afinidade; entretanto, sempre que amarmos alguém que não comunga a onda de nossas ideias e emoções, abstenhamo-nos de lhe violentar a cabeça com os moldes em que se nos padroniza a vida espiritual.

Deus não dá cópias.

Cada criatura vive em determinado plano da criação, segundo as leis do Criador.

Amparemo-nos para que em nosso setor de ação pessoal venhamos a ser nós mesmos. Respeitemos-nos mutuamente e ajudemo-nos a ser uns para os outros o que o Supremo Senhor espera que nós sejamos – uma bênção.

Ceifa de Luz – Francisco Cândido Xavier, Pelo Espírito Emmanuel

Ante a lição

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“Considera o que te digo, porque o Senhor te dará entendimento em tudo.”- Paulo.

(II Timóteo, 2:7.)

Ante a exposição da verdade, não te esquives à meditação sobre as luzes que recebes.

Que fita o céu, de relance, sem contemplá-lo, não enxerga as estrelas; e quem ouve uma sinfonia, sem abrir-lhe a acústica da alma, não lhe percebe as notas divinas.

Debalde escutarás a palavra inspirada de pregadores ardentes, se não descerrares o coração para que o teu sentimento mergulhe na claridade bendita daquela.

Inúmeros seguidores do Evangelho se queixam da incapacidade de retenção dos ensinos da Boa Nova, afirmando-se ineptos à frente das novas revelações, e isto porque não dispensam maior trato à lição ouvida, demorando-se longo tempo na província da distração e da leviandade.

Quando a câmara permanece sombria, somos nós quem desata o ferrolho à janela para que o sol nos visite.

Dediquemos algum esforço à graça da lição e a lição nos responderá com as suas graças.

O apóstolo dos gentios é claro na observação.

“Considera o que te digo, porque, então, o Senhor de dará entendimento em tudo.”

Considerar significa examinar, atender, refletir e apreciar.

Estejamos, pois, convencidos de que, prestando atenção aos apontamentos do Código da Vida Eterna, o Senhor, em retribuição à nossa boa vontade, dar-nos-á entendimento em tudo.

Fonte Viva – Francisco Cândido Xavier, Pelo Espírito Emmanuel

Desculpar

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 “Jesus lhe disse: Não te digo até sete, mas até setenta vezes sete”

(Mateus, 18:22.)

Atende ao dever da desculpa infatigável diante de todas as vítimas do mal para que a vitória do bem não se faça tardia.

Decerto que o mal contará com os empreiteiros que a Lei do Senhor julgará no momento oportuno, entretanto, em nossa feição de criaturas igualmente imperfeitas, suscetíveis de acolher-lhe a influência, vale perdoar sem condição e sem preço, para que o poder de semelhantes intérpretes da sombra se reduza até a integral extinção.

Recorda que acima da crueldade encontramos, junto de nós, a ignorância e o infortúnio que nos cabe socorrer cada dia.

Quem poderá, com os olhos do corpo físico, medir a extensão da treva sobre as mãos que se envolvem no espinheiral do crime? Quem, na sombra terrestre, distinguirá toda a percentagem de dor e necessidade que produz o desespero e a revolta?

Dispõe-te a desculpar hoje, infinitamente, para que amanhã sejas também desculpado.

Observa o quadro em que respiras e reconhecerás que a natureza é pródiga de lições no capítulo da bondade.

O sol releva, generoso, o monturo que o injuria, convertendo-o sem alarde em recurso fertilizante.

O odor miasmático do pântano, para aquele que entende as angústias da gleba, não será mensagem de podridão mas sim rogativa comovente, para que se lhe dê a bênção do reajuste, de modo a transformar-se em terra produtiva.

Tudo na vida roga entendimento e caridade para que a caridade e o entendimento nos orientem as horas.

Não olvides que a própria noite na Terra é uma pausa de esquecimento para que aprendamos a ciência do recomeço, em cada alvorada nova.

*”Faze a outrem aquilo que desejas te seja feito” – advertiu-nos o Amigo Excelso.

E somente na desculpa incessante de nossas faltas recíprocas, com o amparo do silêncio e com a força de humildade, é que atingiremos, em passo definitivo, o reino do eterno bem com a ausência de todo mal.

Ceifa de Luz – Francisco Cândido Xavier, Pelo Espírito Emmanuel